quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Sol de Cada Manhã



  Acordou já tarde com os fracos raios que penetravam pela cortina barata que havia sido deixada pelos ultimos inquilinos, olhou a forma escondida embaixo de seu lençol, ela tremeu um pouco como os que ameaçam acordar mas não o fazem.
   Levantou-se sentido a leve brisa que ascendia por baixo da porta e esfriava seus pés, pernas, e toda a parte de seu corpo enquanto criava a coragem suficiente para se por realmente em movimento, um primeiro passo e o gosto da vodcka falsifica lhe subiu à boca, pensou que iria vomitar porém seu corpo, que já estava acostumado a manhãs parecidas conseguiu se conter.
  Olhou com outros olhos agora a figura em sua cama: meio garota meio mulher, tinha talvez seus 16 anos, ela se mecheu novamente revelando o cabelo loiro e o seio descoberto, era bonita mas não conseguia se lembrar de seu nome, avançou ao fogão do outro lado de seu único cômodo para preparar  um café e enquanto esperava pela fervura da água pos-se a beber diretamente de uma garrafa qualquer esquecida na mesa, tinha o gosto forte de algo que certamente não seria consumido por alguem que preza a própria saúde. A água começou a pular na panela manchada.
  O café tinha um gosto amargo que não disfarçava muito bem as sequelas da ultima noite, dois rémedios comprados de um atravessador, algumas bebidas cuja origem era melhor não saber e a menor em sua cama.
  Ela se pôs ereta, abriu a janela revelando para o comodo o primeiro raio de sol que via desde que o novo morador se estabeleceu lá, saiu da cama, pegou suas roupas e mesmo que a umidade no meio de suas pernas a incomodasse ela se pos a vestí-las o mais rápido possível, deu uma olhada para o homem desconhecido com quem estivera nas últimas dez horas, tudo bem, ele não era o primeiro. Saiu pra nunca mais voltar, como os que saem para esquecer.
  O homem fechou a janela e na escuridão familiar se sentiu extremamente só. E extremamente feliz.

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